domingo, 17 de abril de 2016

Chegando na Irlanda

Chegando na Irlanda.
Sai do Brasil com o coração apertado e com muitas dúvidas. Foram 3 meses separados do meu marido e de muito apego a família. Por dias não queria mais ir, a saudade também apertava. Um misto de emoções conflitantes dentro de mim.
Se me propus a passar um ano, então resolvi que deveria seguir com o plano. 
Foram horas conversando no aeroporto pra tentar tirar o foco da despedida e muita choradeira no momento final.
Passar pelo portão de embarque é o pior momento, não queria deixar ninguém pra trás e isso dói.
Depois do raio-x você está sozinho, não tem mais como olhar pra trás e buscar um olhar familiar.

Por sorte, fui recebida com compaixão na política federal, que deve estar acostumada com as emoções à flor da pele todos os dias.

Com a velocidade da tecnologia, ao sentar no saguão, já pude ver vários fotos e comentários nas redes sociais, o que me fizeram chorar novamente.

Reestabelecida entrei no avião rumo ao meu lugar, fui andando e andando e andando até chegar na última fileira. Sentaram comigo mais duas pessoas que também viajavam sozinhas. Uma menina em cada ponta e um rapaz no meio, nas cadeiras centrais do avião. 
Devido a minha baixa estatura, consegui ajuda para colocar e tirar a mala da parte de cima do avião.

As últimas poltronas não reclinam como as outras, e atras delas os comissários de bordo guardam coisas barulhentas. Mas nem só de coisas ruins são feitos os últimos lugares, é ótimo para ir ao banheiro.
Quando os comissários passam para recolher o lixo, é o momento ideal para levantar, pq todos do avião estão presos esperando o carrinho passar.

Meu avião demorou a sair do solo, depois demorou a descer, para em seguida ficar parado sem deixar ninguém sair. 

Qdo finalmente consegui sair do avião, não sabia para onde ir, quando finalmente vi uma placa com a informação pisei na escada rolante que só tinha a opção de descer, vi o trenzinho chegando que me levaria ao mesmo destino.

Pedi informações para o único funcionário da parte de baixo e ele me levou ao meu destino, correndo pelas esteiras pela falta de  tempo, fui levada até o guichê da minha companhia aérea e me passaram a frente por conta do horário.
O atendente pegou minha passagem e começou a falar coisas que eu não entendia, minha única reação foi chorar, pq podia não saber o que ele estava falando, mas boa coisa não era.

Sem conseguir parar de chorar fui lavada para outro guichê onde trocaram minha passagem, perguntei sobre minhas malas e consegui entender que elas iriam no próximo voo junto comigo. 

Ainda muito nervosa tive que passar pela imigração, para poupar a atendente de me fazer perguntas, mostrei a ela uma carta que entregaria na imigração Irlandesa, o que resultou em uma série de perguntas maior ainda, e mais choro incontrolável.
Pelas perguntas que ela me fez, ela não estava acreditando que eu estava indo de espontânea vontade. Até que ela resolveu me perguntar pq eu estava chorando e por fim disse que havia perdido o voo. 
Ela ficou mais tranquila e a abordagem mais empática.

Foram 2 horas e meia de espera, muita conversa pra explicar a todos o que tinha acontecido e umas olhadinhas em lojas para passar o tempo. 

Quando cheguei no avião, qual foi minha bela surpresa? Última cadeira novamente.
Porém, não tive a mesma sorte de ter uma boa alma para me ajudar, por sinal. 
Não tive mais ajuda em nenhum momento.

Na imigração outra chuva de perguntas sem fim, porém estava mais calma para responder.

Fui procurar minhas malas e sim elas estavam na esteira do meu voo mesmo, foi uma das primeiras a sair, alguma coisa boa tinha que ter, não é mesmo? 
Fiquei eu toda atrapalhada para tirar 2 malas de mais de 20kg e para desenganchar os carrinhos, uma outra moça também tentava e pedi ajuda a 2 atendentes que iram passar por nós sem fazer nada, se eu não tivesse chamado.

E lá fui eu toda atrapalhada com o carrinho travado empurrar minhas malas, sim pq eu não fazia ideia de como fazer aquelas malditas rodinhas rolarem, foi um suplício conseguir sair dali. 

Quando consegui já estava o vendo a poucos metros de mim, e com a coluna esbodegada.

E assim cheguei com pé esquerdo na Irlanda, será que vamos melhorar daqui pra frente? 

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